sexta-feira, 6 de janeiro de 2006
L'Eremita
As pessoas reclamam que sumo. Sei disso, não é novidade. Oras, todos têm as suas fases de caverna duas ou três vezes na vida. Eu as tenho duas ou três vezes ao ano, que é que tem? Mas especialmente nessa época do ano, em que nada serve a não ser ir para a praia; é a única época de ano em que não gosto de cidade grande, em que o tumulto urbano não me é aconchegante. O calor me tira qualquer sensibilidade capaz de encontrar beleza na escadinha da Fernando Machado ou no muro da Mauá. Sabe aquela frase daquele texto que sempre passou batida até tu descobrires um novo significado, estritamente particular, fazendo todo sentido no teu mundo? Sabe aquele filme que tu adora e assiste toda semana e nunca tinha visto que naquela cena em particular tem uma criança dando risada e apontando pra câmera? Sabe quando tu percebes pela primeira vez o som das ondas do mar ao fundo daquela música que foi gravada num show ao vivo na beira da praia ou o terceiro violão daquela seresta que não sai das dez mais batidas da lista do Winamp? Pois não espera nada disso de mim enquanto eu não for para a praia e sentir a maresia. Claro que um condicionador de ar ajuda a manter a consciência, e até admito que certos escritórios pequenos e refrigerados têm o seu charme, mas a cabecinha aqui não será a mesma. Eu sei, não custava nada deixar um recadinho de natal ou enviar uma mensagem pelo aniversário, mas sou meio desligado, sabe?
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Um comentário:
o Eremita é uma das cartas mais interessantes.
e não esqueça que depois dele vem a Roda Fortuna, onde há uma bela guinada.
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